domingo, 25 de maio de 2014

Hoje foi realizada a caminhada em Copacabana em homenagem aos policiais mortos


— Cerca de 200 pessoas, entre parentes e amigos de policiais militares mortos, estavam concentradas no Posto Seis, em Copacabana, desde o início da manhã deste domingo, para caminhada pela orla até as 13h. O movimento foi organizado pela cabo Flávia Lousado do Batalhão de Grandes Eventos. Segundo ela, a caminhada, batizada de “A vida do policial é sagrada como toda vida é”, pretende dar visibilidade para assassinatos de policiais “que nem chegam a ser publicados pela imprensa”. Por volta das 12h, o grupo já seguia em caminha pela orla.

— Este ano, já foram 31 mortos e outros 117 baleados. A gente quer conscientizar a sociedade para que as pessoas lembrem que estamos sendo vítimas da mesma violência que combatemos — informou Flávia.

Andréa Pontes, de 42 anos, é a esposa do sargento Eduardo Rogério Soares, reformado do 1º BPM (Estácio), que morreu no dia 28 de fevereiro deste ano durante um assalto a um posto de gasolina em Itaguaí. Ela também acompanha o ato.

— Ele estava abastecendo o carro quando os bandidos anunciaram o assalto. Ele nem reagiu porque estava com a neta de dois anos no carro, mas quando foi identificado como policial acabou morto pelos bandidos — contou Andréa, que é a auxiliar de escritório desempregada e faz acompanhamento psicológico desde a morte do marido.

Esposa do soldado Marcelo Poydo, que morreu aos 30 anos, em abril deste ano, Michele Nascimento de Moura, de 26, levou o filho do casal, de 7 anos, para participar da caminhada. O menino, que se chama Caio, está com a farda do Bope:

— O sonho dele é ser policial também, mas não sei se aguentaria mais esse sofrimento.

Michele conta que o marido foi baleado quando fazia uma ronda em uma favela da Pavuna. Ainda segundo Michele, ela também está recebendo apoio psicológico desde a morte do policial.

— Até agora não descobriram os assassinos do meu marido. Ele foi o único baleado dentro da patrulha com um único tiro que atingiu a guarnição — lembrou Michele.

A irmã do soldado José Ribamar Freire Júnior, Larissa Freire, de 21 anos, também ainda aguarda a identificação dos assassinos do jovem que morreu um dia após completar 26 anos, dia 6 de setembro de 2013.

— Ele chegava de serviço e estacionou o carro em frente de casa, no bairro Riachuelo, quando foi rendido por assaltantes. Ele estava com a namorada, não reagiu, mas quando foi identificado como policial os bandidos o mataram. Eu vi tudo da janela de casa — contou Larissa.

A mãe do soldado Maria de Souza, de 47 anos, disse que tem medo e por isso sequer esteve na delegacia:

— A namorada dele é testemunha ocular e viu tudo e temos esperança de identificar os criminosos, mas eu queria denunciar o descaso do Estado, que chegou a me oferecer apoio psicólogo e cardiologista e depois bloquearam o atendimento, porque eu ainda não recebi o benefício como dependente. Ele não tinha esposa e nem filho, estou pagando psicólogo do meu bolso. Está sendo muito difícil para mim, era meu filho mais velho e me sinto morta. Eu era uma pessoa saudável e agora sobrevivo à base de remédios.

Rose Vieira, mãe do policial civil Eduardo da Silva Oliveira, de 46 anos, aproveitou a manifestação dos policiais militares para denunciar a morte de seu filho. O policial civil, segundo ela, foi morto por outro policial civil durante um assalto em Saracuruna.

— Primeiro disseram que ele morreu numa ação de troca de tiros com bandidos que atravessaram o carro no meio da pista para assaltar motoristas. Depois, soubemos que ele foi atingido pelo próprio policial que estava com ele no carro. Dois anos depois da morte do meu filho, o policial disse que foi um acidente. Ainda não houve julgamento e nós não recebemos nada do estado — lamentou Rose.

Cíntia Nascimento, de 29 anos, também participa da caminhada. Ela conta que assistiu a toda ação dos bandidos que mataram seu marido, o cabo do Batalhão de Choque Leandro de Lima, morto em abril de 2013.


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